Moon lovers foi recomendado faz tempo, é aquele sageuk (사극) (como são chamados os k-dramas históricos) obrigatório para qualquer um que gosta do gênero. Cheio de batalhas, reviravoltas e trama complexa.

Não se engane pelo plot simples, “moça que volta no tempo e vive na Dinastia tal”, ou no caso dessa história, na Dinastia Goryeo.

Essa primeira parte do review vou explicar quem são os príncipes dessa “família do barulho”, (ao som da chamada da sessão da tarde) sem spoilers significativos.

A história original é baseada no livro Bu Bu Jing Xin da autora chinesa Tong Hua que passa na Dinastia Qing do século 18, com uma adaptação em 2011, assista aqui no viki. Porém para Moon Lovers foram feitas adaptações para século 10, com o 4º Príncipe Wang So, conhecido como o 4º Rei Gwangjong e sobre a sua família.

Nesse sageuk conhecemos “apenas” 9 (dos 34 filhos) do Imperador Taejo ((Jo Min Gi), e somente duas (das 29) consortes, a Imperatriz Yoo (Park Ji Young) é mãe do 3° Príncipe Wang Yo, do 4° Príncipe Wang So e do 14° Príncipe Wang Jung; e a Imperatriz Hwangbo (Jung Kyung Soon), mãe do 8° Príncipe Wang Wook e da Princesa Hwangbo Yeon-Hwa.

Outros da linha são O 9º Príncipe Wang Won (Yoon Sun Woo), o 10º Príncipe Wang Eun (Byun Baekhyun), O 13º Príncipe Wang Wook (Baek-ah) (Nam Joo Hyuk) e o 14° Príncipe Wang Jung (Ji Soo).

No final da review vemos a foto de todos os personagens e sua relação.

WOW, agora vamos em frente.

Se você quer acompanhar grandes momentos de emoção, chorar horrores (apesar que eu não choro com esse tipo de trama) e perceber que ser rei não é tão fácil, seja bem-vindo.

Nessa época as coisas não eram muito fáceis, nem para a monarquia e muito menos para os pobres plebeus que, ou estavam passando fome ou vivendo quase como escravos. Essa volta ao passado de Go Ha-jin nos faz perceber/refletir o quanto os direitos civis evoluíram desde então, e foi bem difícil para ela entender e sobreviver nesse novo lugar e naquela época, além do mais sendo Hae Soo, com seus 16 anos, e já considerada adulta para muita coisa.

Até a metade do k-drama acompanhamos uma Hae Soo fascinada com o ambiente, a oportunidade de viver “tranquilamente” com os príncipes e o fascínio dessa nova vida, altruísta e gentil fascinou rapidamente a todos e por outro lado atraiu a ira de mulheres invejosas. Forçosamente percebeu o quanto tudo era difícil e perigoso. Ela perdeu o brilho e a alegria, mas se manteve sempre honesta e nobre.

Moon Lovers esbanja no figurino e nas coreografias de batalhas sangrentas. O diretor Kim Kyu-Tae não poupou esforços junto com produção e foi quase perfeito, exceto por um detalhe na peruca dos príncipes que eu deixo pro final, nas curiosidades.

Agora a parte com spoilers, alguns importantes. Então.

No começo a roteirista Jo Yoon-young trabalhou muito bem o relacionamento dos príncipes com Hae Soo. Para os mais “desavisados” era fácil shippala com o 8º príncipe Wang Wook. Mas não podemos deixar de lado que trata-se de um romance histórico, então certos fatos não podem ser deixados de lado.

Então, aos poucos os sentimentos com Wang So foram crescendo de forma genuína e se não fosse pelas mentiras e intrigas eles estariam bem, obrigado. Inclusive, Shakespeare manda lembranças.

Fazia muito tempo que eu não acompanhava uma história com tantos mal-entendidos como essa, e veja que foi graças a um deslize de Soo que a história seguiu seu curso original. Mesmo ela acreditando que era o contrário.

Todas as mortes foram de doer na alma, começando pela Senhora da Corte Oh (Woo Hee-Jin) e os outros caíram como dominó.

Parte com mega-spoiler, sobre o final da trama, explicado.

Algumas pessoas questionaram a decisão de Hae Soo em sair do castelo depois de uma morte trágica. Na realidade depois de todos aqueles acontecimentos ela “finalmente” percebeu que mesmo sendo amada por Wang So, nunca poderia afrontar a atual rainha e seria sempre alvo fácil das intrigas e armações dentro do castelo.  Em suma. Estaria mais protegido fora do castelo e longe dos olhos dos opositores do rei, principalmente sabendo que estava grávida. Mas, no melhor jeito Shakesperiano de ser, o recado não chegou a tempo.

Eu poderia colocar todas as reviravoltas chocantes na história, mas seria spoiler demais e não quero ser um estraga prazer. E para deixar a cereja no bolo, com spoiler, o seguinte.

Em abril a atriz IU foi convidada para dar os parabéns de feliz aniversário ao ator Lee Joon-Gi. A princípio ele não reconheceu a sua voz, e em meio a um papo descontraído eles revelaram que houve um corte importante na última cena da trama, no futuro, depois de Go Ha-Jin acorda no presente. Vou colocar a foto escondida no final da resenha, basta clicar para abrir.

Outra coisa revelada durante a live do aniversário é que dificilmente eles conseguirão reunir o elenco novamente, todos estão ocupados com seus próprios projetos.

Roteiro: 10

Direção: 10

Elenco: 10

Fotografia/arte: 10

Potencial de replay: ♥♥♥♥♥ (dá para colocar 1000?)

Troféu peruca: Gente, sem palavras para essa peruca tartatugas ninja que usaram. Feio.

Spoiler

Clique para ver a imagem da cena deletada do final

O castelo Baekje Cultural Center (de novo) e o Namwon Gwanghanru também tiveram papel importante na história servindo de cenário para grande parte das cenas.

A real história do 4º príncipe. Claro, com spoilers.

Em 943 após a morte do rei Taejo Wang Gum, pai de Wang So, o novo reino de Goryeo foi deixado em uma situação instável de luta econômica e política que ficou ainda pior, já que os dois reis seguintes tiveram seus reinados breves que careceram de forças governamentais para estabilizar o reino.

Subida ao trono

Jeongjong, 3º monarca de Goryeo, após quatro anos de seu reinado, morreu logo após ter assinado um decreto real para tornar seu irmão, o quarto príncipe Wang So (conhecido como Gwangjong), rei em vez de seu filho.

Wang So se tornou rei no ano de 949, e seu método de governo foi usado como a base de Goryeo, que durou por 475 anos. Seu domínio consistia em fortalecer a autoridade real e estabelecer um governo central. Para isso ele criou um grande exército leal e se declarou imperador, o que foi considerado extremamente ousado já que na época o único imperador era o chinês, e isso sucedeu no encerramento das relações tributárias com a China.

Seus sete primeiros anos de reinado foi pacífico que o levou a ter uma imagem de um rei sábio e forte. Então o jogo virou em 956, quando instituiu a reforma escravista que foi um movimento para enfraquecer os clãs poderosos e generais militares que ajudaram seu pai na criação de Goryeo e assim consolidar a autoridade real, os escravos adquiridos ilegalmente foram todos emancipados, assim as famílias nobres perdiam trabalhadores, consequentemente esses servos libertados se tornariam contribuintes do reino e teriam que pagar impostos e alimentar os cofres reais, é o que eu chamo de “matar dois coelhos com uma cajadada só”.

Na ficção a ideia que temos é que o rei decidiu libertar os escravos por causa da opinião futurista de igualdade de sua amada Hae Soo, porém historicamente, foi usado como estratégia para aumentar sua autoridade em todas as camadas sociais.

Vemos isso claramente quando ele escolhe não continuar as alianças com famílias poderosas através do casamento como fazia seu pai.

Afinal, o 4º Rei de Goryeo se casa com sua meia-irmã?
Sim, ele se casa com ela como forma de independência e soberania política que foi o que sempre buscou durante seu governo.

Em 958, o Rei Gwangjong aceitou as recomendações de Ssanggi (estudos feitos no período de Goryeo) e instituiu o Exame do Serviço Nacional Civil. Este foi um exame nacional que permitia que oficiais do governo fossem recrutados baseado em mérito e realizações acadêmicas em vez de ligações familiares ou políticas. Apesar da reforma escravista ter acabado após sua morte, o exame nacional civil durou por mais 950 anos e com modificações se perdura até hoje.
Agora vamos falar da sua parte sangrenta muito retratada no drama, no último episódio Hae Soo foi dada como a pessoa que o ajudou a se tornar um rei sábio e bom e mudar o futuro, mas antes disso acontecer Gwangjong se exibiu como um rei que desconfiava e matava todos ao seu redor.

Wang So matou seus irmãos?
Depois de todas as reformas feitas por ele era bem provável o descontentamento dos funcionários nobres e civis que ajudaram a fundar Goryeo, consequentemente, todos os que estavam insatisfeitos por vê-lo no poder se reuniram e lideraram uma rebelião contra Gwangjong. A revolta falhou miseravelmente que resultou no seu décimo primeiro ano de reinado expurgos em massa contra seus opositores, entre eles estava seu irmão Wang Won (9º princípe) suspeito de traição, foi sentenciado a morte por envenenamento, sendo o único príncipe morto pelas mãos do rei.

Por um tempo, o rei desconfiou até mesmo de seu filho de cinco anos, príncipe herdeiro Wang Ju, que acabou por suceder o trono como Gyeongjong.
Esse expurgo cruel – como refletido em Moon Lovers – foi o que fez ele ser conhecido como um rei tirano.

Por fim, o legado de Wang So marcou suas grandes reformas e sucessos políticos. No entanto, com todos os seus méritos, dizia-se que se limitava apenas à política. A economia e os sistemas sociais implantados eram significativamente fracos. Gwangjong também estava desconfiado, sua importância em relação a atos hostis o levou a executar por imprudência nobres e seus parentes.

Ele desenvolveu uma doença grave em julho de 975 (quinto mês do calendário lunar) e morreu após alguns dias com a idade de 50 anos.

Texto reprodução: wikiqube.net, Wikipedia e Vaiumdorama