A Grande Doutora

7

7/10

A minha primeira experiência com séries coreanas foi com Pousando no Amor (2019) e fiquei imensamente surpresa com o jeito bem diferente como o roteiro e a direção trabalharam a história. De maneira muito mais imersiva emocionalmente do que estamos acostumados desse lado do mundo.

Entre as andanças, passei por outros tantos como O Rei Eterno (2020) e Hwarang (2016). E como sou maluca por histórias de época “topei” com Faith ou A Grande Doutora (2012).

Nessa história que mistura fatos históricos e fantasia conhecemos a doutora Yoo Eun Soo (Kim Hee-Sun). Uma cirurgiã que é sequestrada pelo capitão Choe Young (Lee Min-Ho) e levada para 700 anos atrás no período da Dinastia Goryeo para salvar a princesa Noguk (Park Se-Young) depois de um ataque a sua caravana na fronteira da Dinastia Yuan no ano de 1351. Mais tarde Young não consegue cumprir a promessa de levá-la de volta ao nosso futuro e é assim que  inicia a sua jornada.

Bem, daqui para frente seguimos com os spoilers, então é por sua conta.

Confesso que caí de paraquedas nessa série seguindo o caminho meio que natural de assistir os trabalhos com os atores que mais me agradaram, e o boy (ou oppa) da vez é Lee Min-ho depois de seu trabalho incrível em O Rei Eterno (2020) e a Lenda do Mar Azul (2016).

O peso para avaliação dessa série vem principalmente do ano de produção, 2012, e o visível orçamento bem mais modesto que o do Rei Eterno. Mas, enfim, o que conta é a história e vamos a ela.

Antes de entrar no mundo de Faith, você precisa saber que é comum vermos personagens com superpoderes como o do capitão Young que “gera energia através das mãos” ao melhor estilo Raiden em Mortal Kombat. Cá entre nós, não é muito diferente do que os criados pela Marvel ou DC por aí. A única “estranheza”, de fato, é que eles atribuem esses superpoderes a pessoas reais. Então, fora isso, considere como fantasia dentro de uma realidade na história daquele país e siga em frente.

Antes de prosseguir com a resenha, fiz uma pesquisa, e no geral os fãs adoraram Faith e acredito que seja mais pelo final e pela “jornada do herói”, do que pelo trabalho propriamente dito. Então vamos aos pontos altos e baixos e as considerações finais, seguindo a ordem dos episódios.

É quase impossível não deixar de traçar um paralelo com Outlander de Diana Gabaldon, ou qualquer obra que envolva portais e viagens no tempo. Só que ao contrário da versão ocidental, (que na minha opinião também tinha alguns deslizes na primeira temporada). Alguns detalhes sobre ação e reação atemporal foram deixados de lado.

O primeiro ato é quando Young passa pelo portal e sequestra a cirurgiã plástica Yoo e a leva ao passado. Sem muita pretensão quanto aos impactos históricos e todo aquele blábláblá sobre viagens no tempo, confesso que o que mais me pesou, de fato, além de deixarem de lado qualquer explicação lógica sobre como aquilo tudo ocorreu (mesmo com a animação que é apresentado no começo), e se era uma série histórica ou não, ou se era drama ou comédia.

Kim Hee-seon mesmo sendo protagonista teve sua luz apagada até mesmo pelos coadjuvantes e  recebeu a difícil tarefa de interpretar uma mulher atrapalhada e talvez divertida, mas dentro de uma trama que não permite isso.

A primeira parte da doutora não atendendo a um paciente me incomodou demais e me fez torcer contra o ship e pensei sem desistir, porém, ainda bem que segui em frente.

Kim, por sorte, apresentou sua personagem Yoo Eun Soo mais simpática quando o plot do diário entra em cena lá pelo capítulo 10, todo o arco do diário e a ganância dos vilões em desvendar a sua mensagem e o romance entre Young e Yoo que começou a aflorar e a incrível capacidade de Min-Ho em demonstrar credibilidade e é quando a trama começar andar. Até aquele ponto o que acompanhei foi uma série que seguiu o rumo como um barquinho de papel em uma tempestade.

O terceiro ato é o mais importante, e é quando finalmente a doutora percebe que ela fazia parte daquela história, quando salvou Yi Seong-Gye de um quadro de apendicite. Vale acrescentar que Yi na história da Coreia foi o responsável pela morte de Young depois de traí-lo. Ela presenciou a morte do Príncipe Kyeong Chang, que era o responsável pela “carta de liberdade” de Young. A dramaticidade da vida de Young e a sua quase vida como escravo fez com que tudo fosse visto por um ponto de vista um pouco diferente do que somente o ship. E é aí que a série realmente ganha a importância necessária até o ato final quando fiquei apaixonada pelos dois e o desfecho totalmente “romantiquinho” e cheio de clichês.

Desconsiderando os deslizes e entendendo a obra como um todo, a Grande Doutora é uma série incrível, mais pelo elenco que comprou realmente a ideia do projeto do que basicamente pelo roteiro redondinho como vi em outras por aí. Talvez uma versão pocket seria bem-vinda.

Min-Ho literalmente leva a série nas costas e junto com os coadjuvantes prova que de fato tem talento de sobra e é merecido como o maior astro daquele país.

Por que sim: O carisma de Lee Min-Ho e seu sofrido Young é um dos motivos mais fortes de chegar até o final. Sabe aquele herói que dá vontade de guardar em um potinho? Ele é praticamente um escravo da realeza e leva uma vida sofrida que dá dó. E Choi vê na doutora um fio de esperança e de que há uma luz no fim do túnel. (Apesar que demorou pacas para chegar nesse ponto). No final acabei amando o ship dos dois. Fazer o que?!

O que faz alguns desistirem: Até esqueci de dizer, além do fato da coitada da protagonista ser antipática no começo (tá depois melhora já disse), esse é o maior problema.

Não são os X-Men: Gente, alguém explica que é uma série de época. A não ser que os X-Men tenham existido e ninguém avisou. Ou quem sabe uma versão do Mortal Kombat, sei lá. Mas até onde eu saiba ninguém ainda solta raios pelas mãos. Então tudo bem, se na Marvel pode, por que não aqui.

Considerações finais: Embora o começo seja um completo desastre narrativo (até pelo menos o episódio 10). Levando MUITO em conta o final que foi bom (eu disse bom), – pondere que apesar dos tropeços com relação as consequências do tempo e espaço e toda aquela coisa, o que vale mesmo é a diversão e a história de Young brilhantemente representado por Min-Ho, com todo conflito interno que o personagem exigiu e que sim, – merecia uma direção mais caprichada e um roteiro mais elaboradinho. Pelo ship vale o tempo perdido. Mas não pense que é a melhor de todas, para isso fique com Hwarang e O Rei Eterno. Não assisti tantas séries assim, estou seguindo o caminho natural que talvez muitos sigam, no futuro quem sabe.

 

 

 

Roteiro: 7

Direção: 5

Elenco: 8

Fotografia/arte: 5  (ri com algumas cenas que percebi que as roupas eram de EVA, sorry)

Potencial de replay: ♥♥♥ (eu também não entendi porque dá vontade de ver de novo)

Ship: 5 (até agora nunca vi um ship tão complicado como nessa série)

Troféu barriga: Chamamos de barriga qualquer parte do filme/série onde a trama não anda, tipo, nada acontece. Pelo menos até agora, Faith bateu o recorde de ter não uma barriga, mas um corpo inteiro, de “nada acontece” até pelo menos o episódio 10. E tem gente que acha que a trama anda mesmo no 13. Então, é por conta e risco.

Troféu por que raios eu gostei disso: Também não entendi por que gostei.

Troféu Pegadinha do Malandro: É uma série de época gente, não é o jogo do Mortal Kimbat e o Young não é o Raiden e o Ki Chul não é o Sub-Zero. Definitivamente.

 

Curiosidades:

Choe Young (1316-1388) foi um comandante militar no final do período Goryeo (918-1392). reverenciado como um defensor do estado contra as invasões dos Turbantes Vermelhos (Honggeonjeok) e dos japoneses. A vida trágica do General Choe o levou a ser divinizado como o mais amplamente adorado entre os deuses marciais xamânicos sendo adorado em toda a Coreia, com santuários e relíquias relacionadas espalhadas por todo o país, especialmente nas regiões centrais.

Woodalchi: Segundo o site Quora 우 달치 (Udalchi) não é uma palavra coreana. Origina-se do Médio Mongol durante a Dinastia Goryeo, quando Goryeo (dinastia medieval coreana) era uma quase colônia do Império Mongol (Yuan).

A própria palavra foi escrita como 于 達 赤 (udalchi), 玉田 赤 (okjeonchi) ou 于 丹 赤 (udanchi), como uma palavra transliterada com caracteres chineses emprestando o som da palavra mongol média que significa “guardião do portão”.

Imja: Literalmente seria “propriedade”, controle sobre objeto ou pessoa, no sentido de possuir; sendo a legenda do Viki: “Você” de um modo respeitosa e levemente íntimo.


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Sinopse

Uma cirurgiã da atualidade é sequestrada e levada para 700 anos atrás, até o período da Dinastia Goryeo da história coreana. O general Choi Young, um guerreiro, rapta a doutora Eun Soo e retorna ao seu período histórico para que a médica salve a princesa No Guk, que foi ferida. Será que a doutora Eun Soo conseguirá realizar o que lhe foi pedido e voltar à atualidade? Ou ela terá fé em seu coração e permanecerá no passado para ajudar o rei a se tornar um governante melhor que se preocupa e cuida de seus súditos? “The Great Doctor”, também conhecida como “Faith”, é uma série sul-coreana de 2012 dirigida por Kim Jong Hak. (Rakuten).

Elenco: Lee Min-Ho (Choi Young), Kim Hee-Seon (Yoo Eun Soo), Yu Oh-Seong (Ki Chul), Sung Hoon (Chun Eum-ja), Ryu Deok-Hwan (Rei Gongmin), Park Se-Young (Princesa Noguk), Yoon Kyun-sang (Deok-man), Lee Byung-joon (Jo Il Shin), Kwon Hae-sung (An Do Chi)

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