Chicago Typewriter

10

10/10

Yoo Ah-In

 

Lim Soo-Jung

Go Kyung-Pyo

A série mostra de maneira extremamente poética o relacionamento de três pessoas que lutaram juntas em uma encarnação anterior e devem a própria vida umas às outras. Os ideais políticos por uma Coreia livre do domínio japonês na década de 1930 uniram os revolucionários Ryu Soo-Hyun, Seo Hwi-Young e Shin Yool, que se encontram nos dias de hoje para resolver os conflitos que não os permitem deixar para trás problemas ocorridos no passado.

O agora escritor mundialmente famoso Han Se-Ju sofre de um repentino bloqueio de escritor, o que preocupa a sua fã número 1, a veterinária Jeon Seol. Embora Se-Ju se recuse a admitir que precisa de ajuda para escrever sua mais recente obra, entra em cena o escritor fantasma Yoo Jin-Oh, ao mesmo tempo em que uma misteriosa máquina de escrever (re)aparece na vida do renomado autor, após uma estranha experiência em uma viagem aos Estados Unidos.

Com diálogos inteligentes, humor ácido e preciso e sem pieguice quando o assunto é romance, “Chicago Typewriter” é uma obra-prima em todos os sentidos. Delicado sempre, sobrenatural na medida certa, não cai na armadilha da fantasia ao tratar do assunto reencarnação: a noção de que a alma humana passa por muitas vidas é simplesmente um fato. E antes que comece a festa dos spoilers, é essencial destacar um aspecto deste drama: a trilha sonora é uma das mais belas que eu já vi. Se esta escritora puder deixar um pedido para o leitor, meu pedido é: assista. “Chicago Typewriter” entra definitivamente para o clube dos kdramas imperdíveis. A única notícia ruim é que ele saiu do catálogo da Netflix, por mais que alguns fãs tenham esperneado para que não acontecesse. Agora só possível vê-lo pelo Viki, com o nome de “Máquina de escrever Chicago”.

 

Assim como eu tive que aguardar que minha curiosidade fosse satisfeita, creio que você também deva se perguntar por que a série tem esse nome. O que Chicago, cidade nos Estados Unidos, tem a ver com a Coreia dos anos 1930 e com uma máquina de escrever? Embora o mais gostoso seja ver quantos pontos em comum o título tem a ver com o drama e com o enredo, eu serei simplista e direi apenas que o som de uma metralhadora funcionando é o mesmo que o de uma máquina de escrever sendo usada em ritmo acelerado, pelos dedos ágeis de um escritor inspirado.

“O galã principal tem que ser bem-sucedido e ligeiramente arrogante”, como diz a definição de um protagonista de k-drama no autorreferente “O Mundo do Drama” (2016). Pois não poderia haver descrição melhor para Han Se-Ju. Ele mesmo admite não ser a pessoa mais humilde do planeta, acostumado que está a ser reverenciado e amado por onde passa. Seus livros são sucesso de público e crítica e despertaram desde sempre a inveja e o despeito de sua família adotiva, especialmente por ter um irmão de criação também autor de romances, filho de um editor. As palavras fazem parte de sua essência e ao se ver sem inspiração para seguir escrevendo seu mais recente livro, Se-Ju fica ainda mais cínico diante da vida. A veterinária Jeon Seol, por sua vez, tem vislumbres de si mesma com uma arma na mão e repete desde pequena que “matou alguém que não deveria”. Sua história se une à do escritor em um encontro anos antes, em que ela se declara fã do trabalho dele.

 

Metralhadora de spoilers… Esteja avisado

A sacada maravilhosa de uma máquina de escrever ser física e literalmente o estopim para o lado sobrenatural de “Chicago Typewriter” é tão significativa, que acho que nem é preciso ser jornalista ou escritor para se apaixonar pela referência. Quando Se-Ju era Hwi-Yeong, em sua vida passada, sua máquina era usada para escrever informações ligadas à revolução que um grupo de jovens encabeçou para que a Coreia não sucumbisse ao domínio japonês. O talento com as palavras acompanhou a alma dele e o manteve no universo das Letras. O mesmo aconteceu com Shin Yool, ainda que às avessas: ele não consegue se lembrar de como morreu e é atormentado por essa sensação de não ter um encerramento para sua história prévia. Ele está preso ao passado e à máquina de escrever, e não demora para dar sinais de sua presença de volta à vida de Se-Ju. Nada me tira da cabeça que o mote para esse drama saiu do termo “escritor fantasma”. Manobra de gênio, como muita coisa nessa série. O escritor é um fantasma e o fantasma é um baita escritor!

As interpretações dos três protagonistas são o principal trunfo deste drama, algo que não pode deixar de ser mencionado: uma química tão perfeita que nega o sentido do shippar errado. Os três são almas gêmeas que permanecerão juntas para sempre, ainda que isso contrarie o que conhecemos como o “casal do drama”. Go Kyung-Pyo já era um dos meus favoritos da Coreia, por seu jeito calmo e preciso desde o também lindíssimo “Reply 1988”, mas Yoo Ah-In me ganhou para sempre depois deste trabalho, pela força que tem em cena. Os dois duelam pra ver quem é o melhor em quase todas as cenas em que estão juntos, até porque os personagens têm lá suas diferenças, mesmo que na maioria das vezes pareçam brigas de irmãos, de gente que se conhece bem demais. Quem ganha é sempre o espectador. Foi também o primeiro trabalho que vi de Lim Soo-Jung, mas que me fez querer ver mais dramas com ela. Que trio!

 

Roteiro: 10(0)

Direção: 10

Elenco: 396 (hehehe)

Fotografia/arte: 10

Potencial de replay: ♥♥♥♥♥ (é mais um daqueles que me fazem deixar de ver um novo pra dar mais uma olhadinha neste de novo)

Troféu: trisal (eu não quero que nenhum dos três fique sozinho)

Ship: 10 (vide “troféu”)

 

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Sinopse

O drama segue a história de três pessoas em duas vidas diferentes: Han Se-Ju, um escritor mundialmente famoso, que sofre de um súbito momento de bloqueio criativo, sua fã número 1, a veterinária Jeon Seol e o escritor fantasma Yoo Jin-Oh, que surge para ajudar Se Ju a terminar seu mais recente romance, ainda que o escritor relute em obter ajuda. Em sua encarnação anterior, os três foram companheiros na resistência à ocupação japonesa na Coreia.

Elenco: Yoo Ah-In (Han Se Ju/Seo Hwi-Yeong), Im Soo-Jung (Jeon Seol/Ryu Soo-Hyun), Go Kyung-Pyo (Yoo Jin-Oh/Shin Yool)

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