Goblin

7.7

7.7/10

“Goblin”: Entre a fama e a decepção

“Goblin” é frequentemente apontado como um marco na narrativa fantástica dos k-dramas, tido por muitos como um precursor de uma nova era para o gênero. Lançada em 2016, a série incorpora elementos como vida eterna, goblins, fantasmas e ceifadores como parte natural de seu universo. Diante disso, seria de se esperar uma história à altura de sua reputação. Foi com essa expectativa que maratonei a série ao lado de uma grande amiga, Paola. No entanto, nossa conclusão foi quase unânime: Goblin não entregou tudo aquilo que prometeram.

De modo geral, acreditamos que a série teria funcionado melhor com, no máximo, oito episódios. Muitos dos capítulos iniciais estavam repletos de fillers, o que tornou o início arrastado e irregular, além de deixar dúvidas sobre o rumo da trama. Algumas subtramas promissoras ou passagens importantes para o desenvolvimento dos personagens eram simplesmente ignoradas na cena seguinte, como se não tivessem qualquer peso narrativo. No fim, houve uma pressa desmedida para resolver o arco do casal principal nos três últimos episódios — como se tentassem compensar o tempo perdido.

A imortalidade é um tema recorrente na arte, sempre tratado sob diferentes perspectivas, muitas vezes com reflexões éticas e morais. No entanto, Goblin traz uma protagonista incomum que, paradoxalmente, me afastou da imersão em seu universo fantástico. Ao contrário do que muitos apontam, não foi a diferença de idade entre Ji Eun-tak (Kim Go-eun) e Kim Shin (Gong Yoo) que me incomodou, mas sim a atuação da personagem. Sua voz excessivamente anasalada me irritava, e não sei se era intencional ou apenas uma tentativa de parecer mais jovem — talvez uma garota de 19 anos com o comportamento de 14. Esse detalhe, somado a diálogos frágeis e mal encaixados, falha talvez dos 3 diretores (Kwon Hyuk-chan, Lee Eung-bok, Yoon Jong-ho) que seguiram visões diferentes, me fez questionar se a intenção era retratar uma menina ou uma jovem mulher, mesmo com alguns momentos memoráveis em cena de Kim Go-eun.

E Ji Eun-tak não foi o único ponto fraco. O próprio Goblin/Kim Shin também apresentava comportamentos inconsistentes com sua condição de imortal. Sua caracterização não convencia como a de alguém que viveu mais de 900 anos, o que conferia à narrativa um certo descuido. O romance entre os dois tampouco parecia orgânico. E aqui não falo da diferença de idade, mas de algumas imposições narrativas que soaram forçadas e até questionáveis além da quebra da dinâmica de vários momentos emocionantes e marcantes para a cronologia.

É importante ressaltar que não tenho problemas com a chamada “suspensão da descrença” — a disposição do espectador em aceitar, mesmo que temporariamente, elementos inverossímeis em nome da experiência artística. Meu incômodo não veio da fantasia em si, mas de escolhas mal construídas dentro dela.

Felizmente, as fragilidades na construção dos protagonistas não se estenderam aos coadjuvantes. Wang Yeo/Ceifador (Lee Dong-wook) e Sunny/Kim Seon (Yoo In-na) protagonizaram uma trama paralela muito mais envolvente, despertando minha torcida de verdade — bem mais do que o casal principal. Em muitos momentos, foram eles que salvaram a série e me motivaram a continuar assistindo até o fim. De tanto nos apegarmos a eles, até brincamos que o nome ideal da série seria O Ceifador, título que consideramos bem mais apropriado que Goblin.

Apesar de todos os tropeços narrativos, é inegável que Goblin se destaca pela intensão da trama bastante romântica para quem gosta da temática, o que pode ser a razão do sucesso, outro aspecto positivo são os aspectos técnicos. A trilha sonora é envolvente e memorável, o figurino contribui muito para a construção dos personagens, e a cinematografia é belíssima, com cenas visualmente marcantes e um trabalho de luz que enriquece o clima da série. Esses elementos contribuíram para manter nossa atenção, mesmo quando o enredo falhava.

Se você é do tipo de espectador que valoriza a intenção da história, sua coesão e profundidade — e não apenas o romance — talvez acabe se decepcionando com um hype que, honestamente, me pareceu exagerado.

Roteiro: 7

Direção: 7,5

Elenco: 9,5 (graças a Lee Dong-wook)

Fotografia/arte: 8

Potencial de replay: ♥♥

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Sinopse

Traído por seu rei, Kim Shin (Gong Yoo), um general militar condecorado da dinastia Goryeo, foi forçado a ver sua família sendo assassinada diante dele. Salvo pelo Todo-Poderoso, mas condenado a viver eternamente como um goblin, Kim Shin usa suas habilidades sobrenaturais para salvar humanos, incluindo a mãe de Ji Eun Tak (Kim Go Eun), uma estudante otimista do ensino médio com uma estranha conexão com o sobrenatural. Quando Eun Tak é atraída por ele várias vezes, Kim Shin se pergunta se ela pode ser a pessoa por quem ele passou a eternidade procurando, e a única que pode libertar sua alma, a Esposa Goblin. Escrita por Kim Eun Sook, essa premiada série de romance e fantasia sul-coreana de 2016 foi dirigida por Lee Eung Bok e Kwon Hyuk Chan. (Viki)

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