Por mais que o ditado “antes tarde do que nunca” soe clichê, ele descreve bem minha experiência ao finalmente conferir Meu Amor das Estrelas, k-drama que conquistou o mundo em 2013 e, mais de uma década depois, chega à TV aberta brasileira pelo SBT. Curiosamente, apesar de sua popularidade, o título nunca tinha entrado na minha lista de prioridades — até agora.

Lançado originalmente entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, o drama ultrapassou fronteiras não apenas pela sua trama cativante, mas também graças à icônica My Destiny, interpretada pela cantora sul-coreana Lyn. A música, parte da trilha sonora oficial, rapidamente se tornou um hit, alcançando o segundo lugar na Gaon Digital Chart e na Billboard K-pop Hot 100, além de render à artista o prêmio de Melhor OST no 16º Mnet Asian Music Awards, em 2014.

Mas reduzir Meu Amor das Estrelas à sua trilha de sucesso seria uma grande injustiça. A série entrega muito mais. A química arrebatadora entre Jun Ji Hyun (no papel da atriz Cheon Song I) e Kim Soo Hyun (como o alienígena Do Min Jun) sustenta uma narrativa que mistura comédia, drama, ficção científica e romance com surpreendente equilíbrio.

A premissa, que poderia soar absurda em outras mãos, funciona com naturalidade: um alienígena que caiu na Terra há 400 anos se vê obrigado a viver como humano até que, finalmente, surge a oportunidade de voltar ao seu planeta. No caminho, claro, ele cruza com Cheon Song I, uma estrela do entretenimento sul-coreano, e seus planos começam a mudar.

Jun Ji Hyun entrega uma das performances mais carismáticas de sua carreira. Embora muitos brasileiros a conheçam apenas por A Lenda do Mar Azul, aqui a atriz já demonstra seu domínio impecável do timing cômico e da entrega dramática — uma combinação que se tornou sua marca registrada.

O roteiro acerta ao dosar leveza e emoção, com direito a reviravoltas que fogem, em parte, dos clichês recorrentes em produções que abordam temas como reencarnação, amores do passado e imortalidade. A condução é eficiente, mesmo com uma estrutura narrativa relativamente simples.

Visualmente, a série também não decepciona. O figurino de Cheon Song I é um espetáculo à parte, digno de menção, especialmente para quem acompanha a estética de k-dramas mais recentes. Outro ponto alto é a atuação de Kim Chang-Wan como o advogado Jang Young-Mok, responsável por momentos de acolhimento e humor na medida certa.

No entanto, nem tudo são flores. As motivações dos antagonistas deixam a desejar. Lee Jae Gyeong (Shin Sung-rok) e Yoo Se-mi (Yoo In-na) são personagens pouco desenvolvidos, que parecem existir apenas para movimentar a trama. Suas ações geram conflitos passageiros e pouco impactantes, além de carecerem de uma resolução satisfatória. Os crimes cometidos por Lee Jae Gyeong são mal explorados e quase tratados como conveniências de roteiro. Já o amor platônico de Yoo Se-mi simplesmente se dissolve na reta final, deixando uma incômoda sensação de arco inacabado.

Apesar dessas ressalvas, Meu Amor das Estrelas permanece como uma obra extremamente cativante, perfeita para quem busca uma história leve, romântica e divertida — mesmo que recheada dos clichês típicos que, convenhamos, fazem parte do charme dos k-dramas e com um final acima da média e bastante inteligente.

Importante destacar que esta análise se baseia na versão legendada. Sobre a dublagem, minha experiência se resume a trechos da transmissão feita pelo canal TNT Novelas entre 7 de outubro e 1º de novembro de 2024, cuja adaptação vocal não me agradou tanto quanto o áudio original. Até o fechamento desta resenha, não há confirmação se a dublagem exibida pelo SBT será a mesma ou uma inédita.

Para quem ficou curioso, uma última atualização: o SBT adiou oficialmente a estreia para 9 de junho de 2025.

Roteiro: 8

Direção: 9

Elenco: 9,5

Fotografia/arte: 9,9

Potencial de replay: ♥♥♥♥