O que te faz voar?

É isso. Basta. Vá lá, assista, persiga seus sonhos e VOE.

A parte mais marcante da mensagem de “Navillera” é que não importa até onde vão seus sonhos nem o grau de dificuldade em realizá-los, mas sim que a medida da realização depende apenas do sonhador. O objetivo de Shim Deok-Chul não era o de ser o primeiro bailarino do Bolshoi, apenas aprender finalmente a dançar balé, após ter sido proibido por seu pai na infância. Proibição esta que o tornou um pai empenhado em apoiar os sonhos dos filhos e da neta, com o simples lema de que as pessoas devem fazer aquilo que as faz voar.

Navillera significa “fazer algo com leveza” , “como uma borboleta” (como esquecer o Sang-Tae gritando “Nabi! Nabi!” em “Tudo bem não ser normal”?), mas aguarde o momento de entender o porquê deste nome na série, o que o torna ainda mais poético.

É isso. “Navillera” é poético, é arte, é lírico, é puro, é de uma beleza imensa. E com todos esses adjetivos, eu espero que você não saia daqui com o velho preconceito de que a série deve ser tão chata quanto uma apresentação de balé. Primeiro porque PARE: esse pensamento só existe em quem nunca viu realmente uma apresentação de dança. Segundo, porque “Navillera” vai te fazer rir, chorar, sentir raiva e achar que você também pode superar qualquer barreira a cada episódio. Aliás, em 12 enxutos e objetivos episódios, eu quase posso garantir que você vai concordar que não há o que não amar nesse drama.

Palmas para Park In-Hwan! Palmas para Song Kang! Eu já conhecia Park In-Hwan de “Mad Dog”, onde todo mundo arrasa. Tá, surpresa zero de que ele mataria a pau um personagem tão delicioso quanto um senhor lá com os seus perrengues que quer aprender a dançar balé. Quanto ao Song Kang, podemos lembrar que alguém na Netflix adora esse moço, já que ele é o rei daquela área: olha ele lá em “Love Alarm”, “Sweet Home”, “Nevertheless” e ainda em “Touch Your Heart”, que era só do Viki e foi parar na plataforma do tudum. O desafio poderia parar por aí e já seria enorme, porque aprender a dançar balé o bastante para ser na tela um aprendiz muito talentoso ou um idoso que efetivamente vai demonstrar talento natural para a coisa já seria difícil. E quanto ao personagem fora do estúdio de dança? Deok-Chul e Chae-Rok são personagens tão fáceis de escorregar para o dramalhão! A situação do nosso querido senhorzinho poderia tão facilmente fazer dele um velho chorão, digno de pena, amargurado e infeliz com a própria vida, MAS NÃO! Chae-Rok, por sua vez, perdeu a mãe cedo, seu pai está na cadeia por usar métodos agressivos no time de futebol em que treinava inclusive o filho. Tanto o roteiro quanto o ator poderiam deixar esse cara cair pro coitadinho, o derrotado, o “pobre-de-mim”, MAS NÃO! “Navillera” aposta no contrário e quer te ver torcer pelos dois, mas porque eles querem te provar que PODEM, em vez de pedirem migalhas de pena do espectador. Inclusive, para quem gosta de um papo “Nova Era” como eu, “Navillera” é uma lição sobre crenças limitantes, especialmente na figura de Ho-Beom, ex-colega do time de Chae-Rok, que prefere culpar o mundo pelo fracasso de sua carreira como jogador de futebol em vez de tomar as rédeas de sua própria vida.

Curiosidades: Nenhum dos dois tinha treinamento ALGUM de balé antes de assinar contrato para fazer “Navillera”!

Por que sim: Tudo. Só vá. Se quiser assistir um produto de qualidade, que vai te fazer se sentir bem. Elenco brilhante, trilha gostosa. (o Song Kang de malha é um ponto beeeem positivo também, tá?)

Por que não: Se você curte exclusivamente ver romance ou ação; essas são as únicas contra-indicações, porque “Navillera” não vai pra nenhum destes lados.

Roteiro: 10

Direção: 10

Elenco: 10

Fotografia/arte: 10

Potencial de replay: ♥♥♥♥

Troféu: Troféu superação. Vários perrengues pessoais são deixados para trás por todo mundo ali.

Ship: 2 (fica talvez uma dicazinha, mas Navillera não existe pra isso)