Há espectadores para qualquer tipo de história. No entanto, alguns gêneros passam por um funil de popularidade que pode resultar em um fracasso de audiência, como é o caso de “Pergunte às Estrelas”, um sci-fi que, se fosse apresentado aos geeks, renderia discussões acaloradas, como os clássicos “2001: Uma Odisseia no Espaço”, “Gravidade”, “Interestelar”, “GATTACA – Experiência Genética”, “Contato” (1997) e tantos outros.

Esse kdrama não é perfeito em termos de conteúdo científico, pois apresenta algumas pontas soltas e falta de fechamento para vários personagens. O começo fiquei confusa se era um drama ou comédia. O que ao meu ver estraga a experiência por conta da expectativa. No entanto, ele aborda de forma precisa questões éticas como os direitos da mulher vs. os direitos do feto, autonomia e consentimento, saúde e bem-estar, circunstâncias socioeconômicas, perspectivas culturais e religiosas, consequências legais e sociais, e o poder dos grandes trilionários sobre o futuro e que o dinheiro compra tudo, até a destruição de uma vida.

O enredo sobre a preservação de uma fertilização in vitro e o valor atribuído a essa vida provoca reflexões profundas sobre questões originais.

O profissionalismo da atriz Gong Hyo Jin, que interpreta a personagem Eve, é impecável, e sua história é envolvente. Os efeitos especiais estão acima da média, considerando o orçamento limitado da Coreia do Sul.

Sei que se trata de uma ficção “inventada” e seria ruim colocar 100% como sendo científico, – no geral o que pesa aqui é o recado e a mensagem que vai além da aventura pipoca e previsível. Contudo, o público da dramaland geralmente prefere romances clichês com finais felizes, o que não é o caso. Em uma pesquisa, percebi que a maioria não gostou deste kdrama e nem soube explicar o motivo. Talvez seja pelo gênero ou por alguns comentários que beiravam o etarismo e que não tem final feliz, enfim.

O que considero importante é o questionamento sobre a importância da vida e a preparação da humanidade para viagens além da Terra. Precisamos considerar que, em caso de viagens espaciais mais longas, a reprodução no ambiente hostil do espaço é essencial para a sobrevivência da nossa espécie. O final é maravilhoso e poético, no estilo de Stanley Kubrick, e exemplifica a suspensão da descrença para um público que aprecia o gênero, mesmo com alguns deslizes.

Roteiro: 9

Direção: 9

Elenco: 9

Fotografia/arte: 9

Potencial de replay: ♥♥♥♥♥

Infelizmente, surgiram “cientistas” de todos os lados criticando a história como inverossímil, justificando sua classificação como ruim. Qualquer pesquisa rápida no Google responde essas questões rapidamente. Vou exemplificar alguns pontos para ajudar caso ainda não tenha assistido e possa entender melhor:

Para evitar a perda de cálcio e manter a saúde óssea durante longas estadias na Estação Espacial Internacional (ISS), os astronautas seguem um rigoroso programa de exercícios físicos e tomam suplementos nutricionais. Aqui estão algumas das principais estratégias:

• Exercícios físicos diários: Os astronautas dedicam cerca de duas horas por dia a exercícios físicos, utilizando equipamentos como bicicletas ergométricas, passadeiras e o ARED (Advanced Resistive Exercise Device), que simula o levantamento de peso em microgravidade.
• Suplementos nutricionais: A dieta dos astronautas é cuidadosamente planejada para incluir nutrientes essenciais, como cálcio e vitamina D, que são cruciais para a saúde óssea.
• Monitoramento constante: A saúde dos astronautas é monitorada regularmente através de exames médicos, incluindo coleta de sangue e avaliações de densidade óssea.

A Síndrome Neuro-Ocular Associada ao Voo Espacial (SANS) é um problema sério para astronautas em missões prolongadas na ISS. Ela ocorre devido às mudanças na distribuição de fluidos no corpo em microgravidade, levando a inchaço no nervo óptico, achatamento do globo ocular e dificuldades visuais. Dietas ricas em óxido nítrico e potássio podem ajudar na regulação da pressão intracraniana. Pesquisas sugerem que certos medicamentos ou suplementos, como inibidores da anidrase carbônica, podem auxiliar na mitigação dos efeitos da microgravidade na visão. Essas medidas ajudam a minimizar os efeitos da microgravidade na saúde óssea dos astronautas durante suas missões na ISS.

Uma mulher grávida, ainda na Terra, perde em média 2% do cálcio nos ossos. No espaço, essa porcentagem pode chegar a 18%, o que causaria facilmente a fratura de qualquer parte do corpo.

A nave que levou menos tempo para chegar à ISS foi a Soyuz MS-17. Em outubro de 2020, ela completou a viagem em pouco mais de três horas após o lançamento, sendo o voo tripulado mais rápido até agora.

Recentemente, a NASA e outras agências espaciais têm desenvolvido novos trajes espaciais que utilizam materiais avançados e tecnologias inovadoras, como o traje espacial Orion Crew Survival System (OCSS) e o xEMU (Exploration Extravehicular Mobility Unit). Esses trajes são projetados para fornecer proteção máxima, além de serem mais leves e permitir maior mobilidade aos astronautas.

Na ISS, são realizados diversos experimentos com moscas e ratos para avançar na pesquisa biomédica e entender melhor os efeitos da microgravidade no corpo. Alguns exemplos incluem:

• Estudos de osteoporose e perda muscular: Ratos são usados para estudar a perda de densidade óssea e muscular em microgravidade, ajudando a desenvolver tratamentos para condições como osteoporose em humanos.
• Pesquisa genética e reprodutiva: Experimentos com esperma de ratos são realizados para entender os efeitos da radiação espacial na reprodução e na saúde genética, auxiliando na preservação de recursos genéticos no espaço.
• Estudos de desenvolvimento e comportamento: Moscas-das-frutas (Drosophila melanogaster) são usadas para estudar o desenvolvimento e o comportamento em microgravidade, sendo ideais para pesquisas genéticas devido ao seu ciclo de vida curto e genoma bem conhecido.

Esses experimentos são essenciais para entender como a vida se adapta ao ambiente espacial e para desenvolver contramedidas que garantam a saúde e o bem-estar dos astronautas em missões de longa duração.