“Não é à toa que ‘Quando a Vida lhe der Tangerinas’ alcançou uma das notas mais altas do MDL até o momento, com 9.4 pontos. Sua narrativa fluida, com um roteiro que se adapta a diversos tipos de família, é a fórmula para o sucesso merecido.
O roteirista Im Sang Choon acertou em cheio, com passagens assertivas em ritmo e apresentação, sem enrolação ou decisões que questionam a sanidade dos protagonistas. A direção, a continuidade, a direção de arte e a produção também contribuem para o sucesso.
A história é dividida em quatro partes, nas quais a atriz IU interpreta mãe e filha em momentos cruciais de suas vidas, tanto no passado quanto no presente. A mãe é interpretada pela talentosa Moon So-Ri, e a série demonstra como a força matriarcal da família é essencial. A rotina familiar é retratada como uma montanha-russa, com altos e baixos, mas sempre com o apoio do marido, Yang Gwan-Sik, interpretado por Park Bo-Gum na juventude e por Park Hae-Joon na fase adulta.
Um outro detalhe não menos importante, são as representações sociais e hábitos sul coreanos que não são característicos dos brasileiros e que aprendemos a conhecer, como o fato de ser uma menina filha de mãe solo e depois tornando-se órfã o que causa um tipo de “antipatia” dos vizinhos, ou a necessidade dessa menina marrenta aos 10 anos, ter uma visão de independência além de seu tempo, além é claro, toda uma hierarquia que são comuns em outras séries, até as mais modernas, fazendo com que o personagem e marido Yang Gwan-Sik seja tão especial, pois não é de longe o CEO, rico e com problemas familiares, e sim um pai de família tentando sobreviver e sendo amoroso com os filhos e um grande apoiador dos sonhos da esposa.
Atenção: a história exige atenção, pois há saltos temporais entre passado e futuro, entrelaçando as vidas de mãe e filha em situações que remetem a um “carma” geracional, superado a cada momento.
Uma história imperdível e quase impecável, com um leve deslize nos dois primeiros episódios, onde o objetivo da incompreensão inicial entre as famílias não fica claro, numa alusão à clássica obra de William Shakespeare, ‘Romeu e Julieta’.”
O destaque fica para IU que carregou nas costas a responsabilidade de encarar 2 personagens em fases diferentes da vida, partindo de uma atrevida e visionária meninas dos anos de 1950 até a sonhadora e impulsiva filha dos dias atuais.
Em suma, essa série consegue ser inteligente na elaboração de conflitos, alegrias e separações onde vários antes dessa falharam e demonstra que o molde para o sucesso é a honestidade em escrever um roteiro onde a história vale mais do que o rostinho bonito dos personagens.
Atenção a seguir com um leve spoiler:
Foi acertado a troca do marido da filha de Oh Ae-Sun (Yang Geum-Myeong) vivida ambas por IU na fase 4 pelo ator Park Chung-Seob vivido pelo ator Kim Sun-Ho ao invés de Park Bo Gum, – como parte algumas pessoas estavam esperando. Se ambos atores assumissem a fase 4 aconteceria um nó nos espectadores. Parabéns pela escolha.

Roteiro: 9,8
Direção: 10
Elenco: 10
Fotografia/arte: 10
Parabéns pelas cenas explorando o contexto histórico do momento, com citações em jornais e revistas da época.
Potencial de replay: ♥♥♥♥♥ (em todas as fases)