Sweet and Sour

  • Nota site

8

8/10
  • Elenco

    Principal

Para o espectador, um exercício sobre o preconceito. E vou além: “Sweet and Sour” é uma daquelas obras que você  vai querer (e talvez precise) assistir de novo.

Não é necessário “explicar o final”: está tudo ali. Admita apenas que você, como 99,9% do público, aposto, jamais pensou que os dois não seriam quem são.

É preciso avisar que comentar “Sweet and Sour” é um risco. Sabe aqueles filmes em que contar um detalhe pode estragar totalmente a experiência de assisti-lo, meio como “Sexto Sentido”, lembra? As provas estão na nossa cara, mas a gente passa batido. Por quê? Dói dizer, mas por preconceito.

Pra começar sem spoilers, o filme trata de relações desgastadas, palavras não ditas, prioridades mal vistas, a correria do cotidiano versus um relacionamento saudável e, porque não dizer, a inocência das descobertas do amor. E depois o amor maduro, a busca de mais conexão, a idealização da entrega, o momento gostoso de se conhecer aos poucos em contraponto à paixão à primeira vista.

Cheguei nele seguindo o coelho do Jang Ki-Yong: dizer que é porque ele é lindo – ainda que ele seja – é diminuir muito o valor desse ator. Ele é um excelente ator, que sabe usar seus atributos físicos e suas habilidades de acessar emoções do personagem como recursos que vão revelando sua história interna aos poucos. Vê-lo em “Me abrace” é um prazer, por exemplo, embora o drama não seja exatamente o meu favorito. Chae-Soo-Bin também está muito bem no papel, especialmente quando o essencial ali é “não entregar o jogo”.

Pois bem, com relação aos casais, ainda que em um relacionamento desgastado, é mais fácil empatizar com o casal Da-Eun+Jang Hyuk do que com Bo-Yeong+Jang Hyuk. Eu simplesmente não senti clima entre os dois colegas de trabalho até tanto ele quanto a gente se sentir forçado a sentir e é assim mesmo que fica: forçado. Isso deixa uma sensação estranha, que talvez seja a intenção, de que quem precisa se encontrar é o Jang-Hyuk, naquele tempão que ele perde preso no trânsito, quem sabe. Mesmo sem o final UAU!, é possível não só se identificar com o que ele sente e com o relacionamento agonizante dos dois, ainda que o espectador possa se perguntar “onde vai dar tudo isso?” algumas vezes ao longo do filme. Eu pensei em parar de assistir mais de uma vez, mas agradeço por ter insistido. Siga!, eu digo, SIGA! Vale a viagem.

 

A partir daqui, só dando aquele spoiler pesado. Sério. Jinjja, jinjja. Só prossiga se você JÁ ASSISTIU ao filme. Saber o que vem a seguir estraga totalmente a experiência. Se quiser usar como “o final explicado”, fique à vontade também.

 

A verdade é feia: a gente não quer admitir que pensou que ela só continuou com ele porque ele perdeu peso e virou um galã. Eu consigo ouvir de longe berros de “como pode trocar o Jang Ki-Yong por um gordo desses?” e vários estrilos possíveis para quem está acostumado a fazer comentários gordofóbicos e não a ser alvo deles. Eu sei que muitos jamais fariam essa leitura do filme, mas pelo que li nos “finais explicados” por aí, parece que é isso que é necessário explicar: existem dois Jang-Hyuk e o moço que ela conhece com hepatite no hospital em que trabalha nunca perdeu peso. Ele não é interpretado pelo Jang Ki-Yong “depois”. Ele não correu com aquele par de tênis até ficar “lindo”. O filme conta, aliás: são DOIS PARES DE TÊNIS. Os dois relacionamentos de Da-Eun acontecem quase ao mesmo tempo. Ela vê no Jang-Hyuk “hepatitoso” o companheiro que ela não tem mais – se é que um dia teve – no Jang-Hyuk arquiteto. Uma relação de Da-Eun começa enquanto a anterior morre. O Jang-Hyuk interpretado por Jang Ki-Yong, galã, arquiteto em ascensão é o relacionamento fadado ao fracasso por falta de atenção e quem rouba o coração da mocinha é o fofinho convalescente, que acontece de também se chamar Jang-Hyuk. Os dois Jang-Hyuk só se trombam no aeroporto porque o “normativamente lindo” liberou a ex para ir a Jeju com quem bem quisesse (é quando ela “ganhou” o pacote pra ir a Jeju, por exemplo, sacou?). Sorte do Jang-Hyuk gordinho, certo? Certo.

Cheguei a ler teorias mirabolantes de viagem no tempo, delírios confusos de que a moça fica assim ou assado durante o aborto, mil possibilidades que não o simples “ela trocou de namorado porque o lindão não soube cuidar do relacionamento”. É óbvio, mas nosso olhar viciado impede a visão do óbvio. Talvez o intuito seja treinar nossos olhos para o inverso do que normalmente se vê, que o menos normativamente lindo tem tanto direito a ser amado quanto o galã que te leva a salvar fotos no celular. E para além da beleza física, analisar quem ali era o melhor para a Da-Eun. Talvez isso responda por que tantas mulheres se mantêm em relacionamentos ruins desde sempre. Olha lá se o cara não é bonito? Rico, talvez?

Assistir ao filme de novo com essa noção deve ser bem interessante. Eu adoro obras que nos convidam a voltar pro início pra ver onde deixamos passar provas que estão diante do nosso nariz ou detalhes que vão ser enriquecidos quando temos o desfecho. No caso de “Sweet and Sour”, o próprio trailer da Netflix nos leva ao erro, já que o Jang-Hyuk com hepatite sequer aparece. Quando se busca os nomes no elenco, não raro Lee Woo_je nem é mencionado. Por quê? O papel dele tem tanto valor quanto os outros três, mais do que o da cantora Krystal Jung, inclusive.

Confesso que fiquei com vontade de ler o livro no qual o filme se baseia. É difícil imaginar a descrição daquele final sem imagens. E olha, Dona Netflix: pare de divulgar a história como um triângulo amoroso entre um homem em duas mulheres, beleza?

 

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Sinopse

As complicadas relações humanas em meio às expectativas, à vida nas grandes cidades, ao desgaste dos sentimentos com a rotina e nas exigências do trabalho.

Baseado no romance japonês “Iniciação do amor”, de Kurumi Inui (2004).

 

Elenco: Jang Ki-Yong, Chae Soo-Bin, Krystal Jung, Lee Woo-Je.

Detalhes técnicos
  • Nota MKD

    8

  • Avaliação do público

    7.5

  • Estreia

    7 April 2021

  • Diretor

    Lee Gye-Byeok

  • Roteirista

    Baseado no livro de Kurumi Inui

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