Tudo bem não ser normal

  • Nota site

3

3/10
  • Elenco

    Principal

Antes de começar a minha resenha uma curiosidade: o título original dessa série de 2020 é “Eu sou psicopata mas está tudo bem” (사이코지만 괜찮아), algo que faz muito mais sentido do que os “fofos” “Tudo bem não ser normal” em português e muito menos “It’s Okay to Not Be Okay”, mas enfim…

Vamos ao k-drama.

O que aprendi durante os cursos de como escrever um bom roteiro e o desenvolvimento de personagens é que quanto mais complexa a sua essência, mais “discutível” e “questionável” é o resultado em tela.

A maneira como entendemos um filme, ou nesse caso esse k-drama, impacta diretamente na maneira de como vemos o mundo. Se estivéssemos em uma “mesa de bar” conversando sobre – a visão de cada pessoa seria exposta de uma maneira, -resultado de sua vivência e experiência pessoal.  Partindo desse princípio historicamente sabemos que a sétima arte é um influenciador de massa e isso tem que ser visto e revisto com muito cuidado, principalmente quando colocamos em xeque pessoas com algum tipo de distúrbio. Essa lente cor de rosa colocada diante dessa protagonista psicopata me assusta demais, e equiparar as atitudes de Kun Moon-Young ao empoderamento feminino chega a ser mais assustador ainda.

Analisando TBNSN dentro do que ele propõe e não pelo que ele deveria ser, traçarei um paralelo entre Ko Moon-Young e o incrível trabalho de Joaquim Phoenix no filme do Coringa.

Os dois tem um passado sofrido, de aparência frágil, com problemas familiares, antissociais com alto grau de misantropia, e tchanam são psicopatas. O comportamento de ambos é como um pêndulo que balança entre atitudes “boas” e “ruins” e quem inicia esse balanço é o plot da história e a cada balanço a intensidade diminui até chegar ao zero que é a conclusão.

Pois bem, Ko Moon-Young no início era explosiva e aos poucos “aprende” a controlar seus instintos violentos com Moon Gang-Tae que de maneira inversa “se solta” e não reprime mais seus sentimentos como antes.

Foi acertada a escolha da atriz Seo Yea-Ji como  Kun Moon-Young, com sua aparência minúscula e voz esganiçada.

Já Kim Soo-Hyun foi perfeito no papel de Moon Gang-Tae, um rapaz com olhar “meigo”, que transmite conforto.

Todos os personagens de uma maneira ou outra ajudaram o espectador a entender que tudo na vida é resultado de uma ação. Como a força do pêndulo que eu disse acima.

Diz o ditado que os filhos repetem o comportamento e tudo que aprendem com os pais. Com Ko Moon-Young não foi diferente. Ela era muito parecida com a mãe, praticamente uma cópia em miniatura. Isso ficou muito claro na introdução animada.

Claro que não poderia deixar de fora o trabalho fabuloso que Oh Jung-Se fez como o incrível e inesquecível Moon Sang-Tae. Todos os gestos, entonação, olhares. Não tinha nada ali que não levasse a uma atuação perfeita.

Um dos pontos negativos quando a estrutura foi o plot da série. Mesmo que eu tenha uma imaginação muito, mas muito fértil é impossível imaginar Park Haeng-Ja depois de 20 mil plásticas (digno de prêmio Ivo Pitanguy) como a mãe assassina original.

Agora vamos ao que me incomodou e jogou a nota lá para baixo.

Um dia perguntei ao querido crítico de cinema, Rubens Ewald Filho sobre qual é a melhor maneira de se fazer uma resenha. A resposta dele foi a mais sincera e simples possível. “Faça a sua crítica com o coração, seja sincera com as suas palavras, o leitor saberá disso”.

E dentro dessa sinceridade, digo o seguinte: Usando de trocadilhos para quem acredita que a protagonista é incrível atrás desse empoderamento disfarçado, e honrando as pessoas que infelizmente tem que conviver e “sobreviver” com uma Ko Moon-Young psicopata ao seu lado em sua vida e principalmente aos malditos gatilhos que essa série me causou, vamos aos fatos. Não está bem e não é normal uma pessoa andar com uma arma branca na bolsa com a justificativa de que qualquer objeto, mesmo uma caneta, pode ser uma arma.

Não está bem e não é normal uma pessoa esfaquear uma outra mesmo com a justificativa que foi ofendida antes.

Não está bem e não é normal uma pessoa achar muito atraente empurrar alguém de uma escada e antes disso tentar matá-la. Em duas situações diferentes.

Não está bem e não é normal fazer um autista assinar um contrato a fim de chantagear o irmão com a “desculpa/justificativa” de que ele é um artista.

Não está bem e não é normal esconder uma pedra com a intensão de usá-la para matar alguém.

Não está bem e não é normal fugir com um paciente de uma clínica psiquiátrica.

Não está bem e não é normal dar dinheiro para um homem que está tentando se recuperar de um quadro de alcoolismo para que fuja com a namorada.

Não está bem e não é normal agredir as pessoas sem o menor ressentimento.

Acho que a lista poderá ser até maior, mas como dizem hoje em dia, “tô com preguiça para dar moral e passar pano para personagem maluca”.

Ah, em tempo. Quanto ao Coringa, pelo menos no filme os roteiristas deixaram bem claro que Arthur é um maluco e que precisa de acompanhamento (claro, mesmo sem um bom resultado). E o Coringa é assumidamente um dos maiores vilões do mundo do entretenimento e “se orgulha” disso.

Update em tempo: Uma pessoa tóxica tem atitudes iguais em qualquer gênero.  Esse comportamento prepotente, arrogante, maldoso nunca deve ser confundido com “empoderamento” só por que Go Moon Young é mulher. Se ela fosse homem com certeza o discurso seria diferente.

Os únicos créditos que dou são para a parte técnica. Impecável como tudo na Netflix.

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Sinopse

Ko Moon-Young (Seo Yea-Ji) é uma escritora de contos infantis góticos que sofre de misantropia e transtorno pós traumático. No lançamento de um de seus livros, ela conhece Moon Gang-Tae (Kim Soo-Hyun), um cuidador de doentes mentais. Depois de conflitos e momentos de tensão entre ambos, Moon Gang-Tae e seu irmão autista Moon Sang-Tae (Oh Jung-Se) mudam-se para a residência da grande escritora e lá descobrem que há muita coisa em comum entre eles. Assim que se inicia uma jornada de conhecimento e superação de seus problemas. E não se esqueça. “Quando você não consegue se controlar, conte até três.”

Elenco: Kim Soo-Hyun (Moon Gang-Tae), Seo Yea-Ji (Ko Moon-Young), Park Gyu-Young (Nam Joo-Ri), Oh Jung-Se (Moon Sang-Tae), Park Jin-Joo (Yoo Seung-Jae)

Detalhes técnicos
  • Nota MKD

    3

  • Avaliação do público

    8.9

  • Estreia

    7 April 2021

  • Diretor

    Park Shin-Woo

  • Roteirista

    Jo Yong

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