Vincenzo

  • Nota site

10

10/10
  • Elenco

    Principal

Antes de qualquer outra coisa, é preciso avisar que quase ninguém presta neste drama. A frase da série é “Só o Mal pode punir o Mal”, então é bom que o espectador se acostume desde já com a ideia de que, mais cedo ou mais tarde, você vai torcer pelo menor dos males. Aceite que você vai passar pano, portanto é bom já preparar o rodo. Em seguida, vale dizer que “Vincenzo” é uma boa porta de entrada para quem nunca viu uma série coreana. Tudo ali faz sentido, pode e deve ser apreciado por quem não entenderia um drama de época ou a narrativa natural deles para a fantasia e até para o romance.

De um lado temos o personagem título, Vincenzo Cassano, sul-coreano que ainda menino havia sido adotado por uma família italiana, tornou-se um conselheiro da Máfia e agora retorna à Coreia do Sul em busca de um verdadeiro tesouro escondido, que ele não medirá esforços ou escorregadas éticas para obter. Do outro lado, o conglomerado farmacêutico Babel, com seus proprietários e advogados assustadoramente corruptos. Não, dizer assustador não é exagero. Eu falei em ética agora há pouco, certo? Pois os profissionais ligados à Babel não têm ideia da existência dessa palavra.

O maior êxito de “Vincenzo” é sem dúvida a escolha do elenco. Ninguém é o que parece ser. Song Joong-Ki, eterna carinha de menino levado, porém um monstro como ator, está irrepreensível no papel do mafioso com olhar doce e postura serena. Ler suas intenções é impossível. O contraponto com a competitiva advogada de língua afiada Cha-Young (Jeon Yeo-Been) torna tudo mais gostoso de ver. Na mesma trilha, temos a ex-promotora Choi Myung-Hee, papel para o qual escalar Kim Yeo-Jin provavelmente não seria a primeira opção de muitos outros diretores: uma mulher pequena, do tipo meio “invisível”, que gosta de dançar em roupas de ginástica sempre que pode, um tanto descuidada no quesito vaidade – a gente sabe bem o quanto o apelo estético é importante na cultura coreana -, mas feroz como um leão e dissimulada como uma cobra. Dizer que “você não sabe do que ela é capaz” é pouco. E o que dizer de Ok Taecyeon para o papel do estagiário Jang Jun-Woo? 😉 Sobre ele, eu não posso dizer mais nada acima da linha do spoiler, além de que dá um show de interpretação como eu jamais esperaria. É claro que, pelo tanto que já se conhece do moço, se você for como eu, vai assistir ao primeiro episódio e logo dizer “esse cara é grande demais para esse papel”. Parei. Olha, de cair o queixo. Ainda tem Jang Han-Seo, o meio-irmão do rapazinho, que não é bonzinho de maneira alguma, mas por quem é impossível não se afeiçoar (repare no figurino dele!) e Hong Yu-Chan, o advogado pai de Cha-Young, interpretado por Yoo Jae-Myung, sempre um ator de quem se pode esperar um bom trabalho. Elencaço. E eu nem mencionei o pombo.

A fotografia de “Vincenzo” é marcante, assim como a trilha sonora. Na verdade, se há um ponto que chame a atenção pelo fator diminutivo, é o fato de que romance não é o forte dessa série, o que pra ser honesta é muito bom. Às vezes o “quase lá”, o clima, a construção dos sentimentos pode ser mais interessante do que beijo no primeiro episódio. Mas quando rola… Aguarde a cena da galeria de arte. Oh yeah!

Os moradores do prédio são uma trama à parte, cada um ali tem uma história interessante para contar, mas que será desvendada quando for conveniente: isso é um dos pontos mais geniais do roteiro. Do chef de cozinha que mentia para todos sobre sua formação na Itália ao dono da casa de penhores (Yang Kyung-Won, o soldado Pyo Chi-Su de “Pousando no Amor”), os monges do templo budista, a professora de piano, todos ali escondem cartas na manga que serão chamadas à ação. Sério, essa série não tem papel pequeno.

Tem detalhes, mas não tem spoiler grave a partir de agora.

A cena do vinhedo queimando.

A cena do caminhão.

As cenas de “hóquei”.

A cena da adoção de Han-Seo como irmão de Vincenzo.

O Inzaghi.

Vincenzo como o xamã Yeo Rim.

Ok Taecyeon absolutamente fora da casinha.

Os moradores do Geumga Plaza em ação.

Vincenzo dizendo “Questo edificio è mio”. Aliás, Song Joong-Ki falando italiano, cazzo!! [como neta de italianos, eu achei a pronúncia dele muito boa. As pausas não muito, as vírgulas ficaram um pouco fora de lugar, mas as palavras soaram molto bene!]

O jeito Máfia de se vingar. Ai!

Por Buda! Eu vi “Vincenzo” há uns 2 meses e ainda não me recuperei. É daquelas séries tão completas e tão viciantes, que seguram madrugada adentro. Raramente se vê um enredo tão sem limites, mesmo no Ocidente, embora eu esteja percebendo que a Ásia vai fundo no que quer retratar. Já que estamos falando de um enredo em que mafioso é herói e galã é psicopata, pra que filtros, não é mesmo?

Por que sim: é comédia, é suspense, é ação, é tragédia, é ator bom trabalhando, é colírio para os olhos, é de fechar os olhos pros defeitos do “herói”, é fechar literalmente os olhos em algumas cenas, mesmo que sejam de lavar a alma, de certa forma [ai, modeuso, difícil admitir que comemorei alguns momentos de vingança como se fossem medalha de ouro para o Brasil!].

Por que não: Talvez você deva pensar duas vezes se for muito sensível a cenas de violência. Nada é tãããão gritante, mas há vários momentos fortinhos nesse sentido. Quer saber? Escreve pra gente, que eu te passo uma lista de onde fechar os olhos, mas por favor, não perca essa série! Dito isso, não consigo pensar em mais nenhum contra.

Curiosidades: As cenas na Itália foram feitas por computação gráfica, em especial por causa da pandemia. O xamã Yeo Rim, disfarce de Vincenzo para influenciar o CEO do jornal, é um personagem do próprio Song Joong-Ki em “Escândalo em Sungkyunkwan” (2010). Durante o jogo de Máfia no restaurante, Lee Chul-Wook fala que Jeon So-Nam “quer ser o Park Saeroyi” por causa de seu corte de cabelo; esse é o personagem de Park Seo-Joon em “Itaewon Class”. A piada não para por aí: a resposta vem com um “Olha quem fala! Você parece um soldado norte-coreano”; como eu comentei aí pra cima, Yang Kyung-Won fez mesmo um dos soldadinhos ♥ de “Pousando no Amor”. Ok Taecyeon e Jeon Yeo-Been já haviam trabalhando juntos em “Save Me” ♥♥♥ (2017).

Roteiro: 10

Direção: 11 (pode?)

Elenco: 10

Fotografia/arte: 10

Potencial de replay:  (alguma dúvida de que eu vou assistir várias vezes?)

Troféu: Bromance às avessas (dá dó de Han-Seo na mão de Han-Seok, mas as cenas rendem momentos brilhantes de interpretação)

Ship: 8 (eu deveria dar menos porque definitivamente não é a tônica da série, mas não só a espera nos deixa torcendo como, quando acontece, dá para ouvir os fogos de artifício)

 

 

 

 

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Sinopse

Criado na Itália, rapaz coreano torna-se um influente membro da Máfia. Por força de negócios inacabados em seu país natal, ele retorna para tomar o que acredita ser seu em um edifício prestes a ser derrubado por um poderoso conglomerado.

Elenco: Song Joong-Ki (Vincenzo Cassano), Jeon Yeo-Been (Hong Cha-Young), Ok TaeYeon (Jang Jun-Woo), Kim Yeo-Jin (Choi Myung-Hee), Kwak Dong-Yeon (Jang Han-Seo), Yoo Jae-Myung (Hong Yu-Chan).

Detalhes técnicos
  • Nota MKD

    10

  • Avaliação do público

    8.9

  • Estreia

    7 April 2021

  • Diretor

    Kim Hee-Won

  • Roteirista

    Park Jae-Bum

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