O Rei Eterno

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Uma das coisas que mais me chamam a atenção sobre as produções coreanas é a diversidade de gênero. Diferente do que estamos acostumados aqui no Brasil com as novelas. Por lá, podemos assistir séries de todas as espécies possíveis. Então, recomendo antes de se aventurar em assistir O Rei Eterno, primeiro saiba se gosta de realismo fantástico com alto índice de reversão de expectativa. Esta é uma categoria que eu amo, mas que pode causar algum tipo de “estranhamento” para quem gosta de drama ou romance com uma construção retilínea sem muitas variações de conflito.

Como disse antes, é um dos meus gêneros preferidos, tanto que sou escritora de uma saga do estilo, “Estrada para Yellow Rose“. E sei que além de ser muito difícil de se criar, requer muita atenção e entendimento de quem assiste/lê, justamente pela complexidade, ganchos, plots e pontos de vista diferentes do protagonista. Dito isso, vamos à série.

Lee Gon é um rei que vive no Reino da Coreia, um “mundo paralelo” onde nunca existiu a divisão entre norte e sul. É um lugar extremamente avançado e harmônico. Nesse mundo existe a possibilidade do fantástico, como dito na sinopse, e o que aconteceu com a flauta Manpasikjeok (não me peça para falar em voz alta) e o futuro amor entre Lee Gon e a tenente Jeong Tae-Eul.

Senta aí.

Como único descendente da monarquia, (além de seu tio fugitivo), Lee Gon é um solteirão convicto, um rei superprotegido e um apaixonado pelo seu pais e pelos seus súditos. Mas seus pensamentos – e por que não seu coração – está obcecado em descobrir o paradeiro da misteriosa tenente que o salvou naquele fatídico dia quando ele tinha apenas 8 anos de idade.

A história realmente começa quando ele consegue ultrapassar a barreira entre os dois mundos e a encontra. É um momento emocionante para o jovem rei, só que para ela, claro, o que ele diz não faz o menor sentido e toda a primeira parte da trama é Lee Gon tentando se adaptar a um mundo onde ele é uma pessoa comum e desconhecida e Jeong Tae-Eul entendendo que ele não é um maluco egocêntrico. Só que, em paralelo a isso, crimes acontecem e ela, como policial, tenta desvendar tudo o que acontece e o misterioso aparecimento/desaparecimento das vítimas, ao lado do detetive parceiro e amigo Kang Sin-Jae (Kim Kyung-Nam).

E está aí a parte mais importante: o tempo que ambos necessitam para se conhecer. De uma maneira muito inteligente, a roteirista Kim Eun-Sook não joga um relacionamento instantâneo na nossa cara. Do tipo “no dia seguinte estão na cama”. Tudo tem a sua hora. Lee Gon precisa entender o que está acontecendo e onde está. Jeong Tae-Eul precisa aos poucos acreditar em Lee Gon e nas provas que ele apresenta sobre um mundo que não existe, e nós, sim nós TAMBÉM PRECISAMOS ENTENDER DEVAGAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO.

Fala sério! Falando de uma maneira muito direta, se você estivesse no lugar dela, acreditaria de imediato em um maluco que diz que é de um reino que pertence a outro universo e que você é a salvadora dele? Não né, miga! Se liga. Isso leva tempo.

Tanto que o comportamento dela chega a ser arrogante no começo e até chata, mas aos poucos Jeong Tae-Eul “se convence” de que aquilo pode ser real. Isso graças à elegância pra não dizer ao charme que o jovem rei exerce sobre ela. Afinal ele é um monarca e sabe como ninguém lidar com essas questões de “relações sociais”. Eu disse SOCIAIS.

E não é só isso. O espectador precisa de tempo também para conhecer todos os personagens e o que cada um tem a oferecer. Não temos aí uma história de um ship ou apenas um arco: são mais vidas que se entrelaçam e que podem seguir um rumo totalmente diferente se as pistas deixadas durante todos os episódios são deixadas de lado. Inclusive o incrível Jo Eun-Seob/Jo Yeong ou a “Espada Indestrutível” (Woo Do-Hwan), que é perfeito em ambos os papéis, nem percebi que era o mesmo ator. Olha o vexame aqui.

E não é apenas Woo Do-Hwan que dá um show. Quando descobrimos o que realmente está acontecendo nos dois mundos, aí sim a magia do ótimo roteiro acontece e mistérios e mais mistérios são revelados e pistas da trama são jogadas no seu colo, sem dó nem piedade. E haja cérebro criativo para entender o que está acontecendo até os dois atos finais, que para mim demonstram por A mais B e todo o alfabeto o motivo de que Lee Min-Ho ter conquistado o mundo.

É uma pena que eu não posso contar a tal cena que passa em uma madrugada fria e o maravilhoso Lee Gon montado em seu cavalo branco Maximus, mas que foi de arrepiar a alma, foi. Se aquela não foi uma cena incrível, nem conto mais.

O final apesar de me deixar com o coração triste, a regra do bom crítico é o seguinte: Não existe “eu gostaria que” em uma análise fílmica. O correto é você ver se o que foi proposto “conversa” ou tem sentido com todo o resto da história. Se o caminho levou de fato àquela decisão. Lembrando da cena final do Titanic. Vale uma curiosidade: o Jack cabia naquela tábua com a Rose, mas não podia. Então… (resenha de Surya)

 

Curiosidades (Vicki): TKEM (sigla para “The King: Eternal Monarch”, o nome original em inglês), como é também conhecida, foi a primeira série do ator Lee Min-Ho assim que saiu do serviço militar obrigatório (que normalmente dura entre um ano e meio e dois anos) e a última de Woo Do-Hwan antes de entrar [Homens fisicamente aptos entre 18 e 28 anos devem se apresentar para o serviço militar obrigatório na Coreia do Sul, e o comeback (retorno) dos ídolos coreanos é comemorado com festa pelos fãs do mundo todo]. “O Rei Eterno” não obteve o sucesso esperado em audiência na tv coreana na época de sua exibição, mas é um sucesso estrondoso no resto do mundo desde que estreou no catálogo da Netflix.

Por que sim: antes de qualquer coisa, pelo elenco. Lee Min-Ho, Kim Go-Eun e Lee Jung-Jin já eram celebridades quando fizeram esta série, mas não há dúvidas de que Woo Do-Hwan e Kim Kyung-Nam foram alçados ao estrelato depois deste drama. O enredo – que dá respostas para perguntas que o espectador ainda nem sabe que deve fazer – é a melhor parte. A edição vai-e-volta é pra quem gosta de histórias ágeis e que fazem pensar. O ship principal é lembrado sempre quando o assunto é a protagonista fodona, que não precisa ser salva pelo mocinho, ainda que nesse caso ele venha literalmente em um cavalo branco e não seja nem um príncipe encantado, mas um rei na pele do maior ídolo da dramaturgia na Ásia hoje (merecidamente, diga-se. Ele faz por merecer o título nao só nesse papel como pelo conjunto da obra até agora). Por último, mesmo quem pensa em dropar O Rei Eterno diz que vale a pena ficar pelo trabalho impecável de Woo Do-Hwan como o estoico Capitão da Guarda Real Jo Yeong (a Espada Indestrutível do rei) e sua contraparte na República da Coreia, o efusivo e atrapalhado Jo Eun-Sup. O  cara arrasa num nível que a gente chega a esquecer que os dois personagens são interpretados pelo mesmo ator.

Por que não: a opinião de quem para de assistir normalmente deve-se ao fato de O Rei Eterno voltar e avançar no tempo e no espaço várias vezes por episódio. Outra reclamação deve-se ao fato de que há muito merchandising ao longo dos episódios; pra nós brasileiros a maioria não significa nada, porque o produto se perde no enredo e a gente fica apenas com aquela vontade louca de comer frango frito, beber o tal café engarrafado e usar o hidratante em stick, mas os coreanos acharam um exagero.

 

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Sinopse

Antes de mais nada, ignore a sinopse da Netflix: “O Rei Eterno” não tem demônio algum solto pela Terra. Nem fui olhar, mas espero que tenham mudado aquela bobagem, porque eu já soube de gente que deixou de ver porque achou que era uma série de terror.

Lee Gon, rei do fictício Reino da Coreia, vê seu pai ser assassinado pelo próprio irmão, Lee Lim. Durante o golpe, Gon, na época com 8 anos de idade, é salvo por alguém que não se identifica ou mostra o rosto, mas que deixa para trás um crachá da polícia da República da Coreia (a real, como nós a conhecemos), que pertence à tenente Jeong Tae-Eul. O tio traidor consegue fugir, levando consigo metade da Manpasikjeok, flauta mágica que pertence à família real desde que lhes foi dada pelo Deus do Mar do Leste, eras antes. Já adulto, no momento presente, Lee Gon se vê diante da oportunidade de descobrir qual é o real poder da flauta, tanto para reencontrar o tio desaparecido quanto para finalmente desvendar o mistério por trás do crachá com a foto de uma mulher que o fascina desde menino, especialmente por ser de um país que não existe no seu mundo e por ter sido impresso em uma data no futuro. (Vicki)

 

Elenco: Lee Min-Ho, Woo Do-Hwan, Jung Eun-Chae, Kim Go-Eun, Kim Kyung-Nam, Kim Yong-Ji e Lee Jung-Jin

 

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