“Eles são muito exagerados.”
“Esses ‘china’ são tudo esquisitos.”
“Eles são sujos. Eles fedem.”
“Eles têm p* pequeno.”
“Sei lá, já sei que não vou gostar.”
PRECONCEITO.
Conceito prévio que se faz sobre algo desconhecido. Pré-julgamento. Não viu e não gostou.
Aposto que você já escutou várias dessas e mais algumas, antes mesmo da “pandemia que a China inventou” – e sim, o padrão preconceituoso de que “japonês, chinês, coreano, tailandês é tudo igual” vai permear esse texto. Eu mesma já ouvi todas essas frases quando comecei a recomendar séries coreanas para os amigos e parentes. E olha só: estou falando de TV, de dramaturgia, não estou oferecendo um amigo coreano para um relacionamento. Então tanto faz se fulano não toma banho ou qual é o tamanho do documento do cidadão, certo? No dia em que eu chegar bem pertinho para poder atestar, eu juro que te respondo, assim que aterrissar das nuvens.
Não vou negar que também já fiz parte dessa galera, guardadas as devidas proporções. Preconceito não faz meu estilo e eu normalmente experimento antes de opinar. Várias pessoas cansaram de recomendar essa ou aquela série – todas da Coreia do Sul até ali –, mas eu sempre deixava para mais tarde. Quero crer que o adiamento se devia à fila enorme que eu tenho de coisas para assistir, desde séries nacionais ou o mais pop americano até documentários supercult obscuros do Cazaquistão. Não é a nacionalidade, é a falta de tempo. Devo confessar que meu amor por rever o que já amo não ajuda: eu sou dessas que assistem outra vez ao mesmo filme ou série e deixa inéditos pra depois. Mais alguém?
Eis que um dia eu dou play em “Pousando no Amor”, por insistência da Paula, uma prima com quem eu fazia um podcast e que estava louca pra gravar um episódio sobre os tais doramas. Tá bom, tá bom! Pandemia, estamos mesmo em casa, agora é a hora. Deve estar fazendo um ano agora. De lá para cá são oitenta dramas e contando.
Largar o preconceito só traz benefícios. Que mal vai fazer se você der uma chance para qualquer coisa que não prejudique nada nem a ninguém? O máximo que pode acontecer é você não gostar e ter pelo menos uma opinião embasada, nem que seja “vi um. Não curti.” Falou aí, a amizade é a mesma. Segue a vida.
“Vicki, mas quem está aqui no Momento Noona já é fã da Ásia. Pra que esse papo?”
Eu me pergunto, daí oferecer esse texto, se quem gosta de séries, filmes, da música asiática e da cultura como um todo já fez essa reflexão: Abrir os olhos para esse mundo tão rico e por vezes diferente da sociedade que vemos todo dia pela janela e pela tv te fez reavaliar seus preconceitos com relação a outras coisas? Passou a olhar outras culturas e pessoas com o mesmo interesse com que olha para os oppas e eonnies, noonas e hyungs, ahjussis e ahjummas?
De “Pousando” até “Irmãs Revolucionárias” – a série que eu estou vendo agora –, nesse ano eu comecei a estudar e entendo umas boas frases em coreano, aprendi a preparar vários pratos, experimentei soju (adorei), meu spotify está todinho mudado (precisa ouvir minha playlist de OSTs!) e arrumei lugar para acomodar o Woo Do-Hwan na minha lista dos homens mais lindos do mundo, pra enumerar só o que vem à mente assim, de momento, sem contar embarcar de cabeça na ideia de colaborar no Momento Noona sem pensar duas vezes, afinal não falta pitaco pra dar sobre tudo o que eu ando vendo e aprendendo com a telinha.
É arte. É cultura. É sociedade. É o planeta em que a gente vive. Não há lugar para o preconceito.
Conta pra mim o que você mais curte nesse universo incrível!
Legenda da foto: “Você já tinha me ganhado no ‘Oi’!”
Annyeong!
Noona Vicki
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