Crítica | Godzilla Minus One é uma viagem cinematográfica épica de emoções e renascimento

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Em 2024 Godzilla completará 70 aninhos, e para comemorar a data a Toho com distribuição no Brasil pela Sato Company, estreia o que promete (e cumpre), ser uma honrada homenagem ao clássico de Ishirô Honda hoje magistralmente dirigido por Takashi Yamazaki.

Não é à toa que durante esses anos o lagartão viveu e sobreviveu às telas e ao entretenimento personificando desde o medo das guerras e as bombas nucleares, passando por filmes infantis, series de tv, comédias, desenhos e até os mais recentes crossovers MMA com um símio gigantão. Vale acrescentar que GODZILLA MINUS ONE não é uma continuação de Shin Godzilla, último filme da franquia, lançado em 2016. Apesar disso, o longa dirigido por Takashi Yamazaki mantém o tom mais sombrio de seu predecessor. Além da sombriedade mantida, os efeitos especiais também continuam impressionando.

O diretor tem recebido muitas críticas positivas dos primeiros telespectadores japoneses do filme em sua conta no aplicativo Twitter / X: “Fico feliz que a minha mensagem contra guerras tenha sido bem recebida”.

Mas não deixe o seu achismo ou paralelo com as produções ocidentais te enganar, Minus One é o maravilhoso resgate ao cult cinematográfico que o cinema deve ser, de uma beleza e não porque dizer o terror de sua origem, e com um acréscimo que nunca deveria ter se perdido no caminho, da mensagem por trás da destruição.

O destaque é para Ryunosuke Kamiki como Koichi Shikishima, um piloto kamikaze que sobrevive a sua missão suicida e um dos sobreviventes à primeira investida assustadora do grandão na fictícia ilha Odo, local de sua origem na trama de 1954, e que tem que seguir como sobrevivente junto á família., .

Desde aquele fatídico dia, o espectador acompanha a jornada intimista e solitária de Shikishima em meio a um Japão destruído ao turbilhão da segunda guerra tal qual o autor da obra original de 1954 presenciou: –

“Honda conhecia em primeira mão os horrores da guerra… Após a rendição ele passou seis meses como prisioneiro de guerra e depois de ser repatriado ele andou pelas ruínas do que havia sido a cidade de Hiroshima. Como resultado desses eventos, o filme de 1954 é um mórbido testemunho dessas experiências”.

Sem spoilers, Ryunosuke Kamiki e Minami Hamabe como Noriko Oishi são como uma partícula amostra das famílias que sobreviveram aos anos 40/50 no Japão, – com atuações críveis a necessidade exigida, frente a uma vida miserável, tendo como cenário uma produção que caprichou em relatar tanto visualmente como historicamente fatos importantes dentro e fora do Japão, seja na residência desprovida de recursos, seja em momentos históricos importantes da época fazendo um paralelo com o kaiju e toda a sua simbologia por trás do uso da tecnologia atômica.

Falando no protagonista do filme, tudo estava exposto como no original, a icônica invasão a Tokyo com direito a clássica destruição de trem, o rugido que é sua marca registrada além da música tema que me fez quase gritar no cinema e todo o merecido combo japonês.

Nome de navios e aviões reais usados na segunda guerra tiveram “participação especial” no filme

 

Não poderia faltar a famosa cena do trem, como no original de 1954

Os cenários remetem tristemente a imagem às cidades de Hiroshima e Nakasaki

E afinal, o que torna esse Godzilla Minus One um cult que deve ser assistido?

A mensagem antiguerra por trás de tudo isso. Saindo da linha de conforto do cine pipoca que o ocidente nos tem bombardeado nos últimos anos, apesar de ter uma pitadinha do “poder do protagonismo” necessária a um ótimo longa.

A chegada do filme Godzilla Minus One aos cinemas marca um novo capítulo na lendária franquia Godzilla. Com uma estreia espetacular, o filme já conquistou uma impressionante aprovação de 97% baseada em 35 críticas no Rotten Tomatoes, além de uma avaliação de 8.3 no IMDb.

E é neste cenário, de uma nação em ruínas e escombros, que o Godzilla aparece para acabar de vez com tudo, justificando o título do filme “Minus One”: do zero ao negativo. Assim, os últimos habitantes vivos da ilha devem enfrentar um último desafio: lutar contra o monstro e sobreviver. Com 125 minutos de duração, o filme é o mais longo da franquia junto com “Final Wars” (2004).

Aproveito o espaço para deixar abaixo um depoimento que colhi antes de escrever essa crítica que resume bem a mensagem dessa obra.

Em um artigo emocionante publicado pela BBC, Reiko Hada conta como foi a sua experiência aos nove anos como sobrevivente a bomba em Nagasaki às 11h02 de 9 de agosto de 1945.

No final da entrevista, ela completa: “Espero que as gerações futuras nunca tenham que passar por uma experiência semelhante. Nunca devemos permitir que essas [armas nucleares] sejam usadas.

“São as pessoas que criam a paz. Mesmo que vivamos em países diferentes e falemos línguas diferentes, nosso desejo pela paz é o mesmo.”

Reiko aos cinco anos e em 2015

 

Trecho do clássico de 1954

 

Trailer dublado

 

 

 

 

 

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