Não se deixe enganar pela sinopse de Na Teia da Aranha. Por mais simples que possa parecer, este filme é uma grande homenagem à sétima arte e, por que não, aos artistas envolvidos em qualquer produção cinematográfica. De forma genial, as desventuras do diretor Kim (Song Kang-ho) nos levam a uma jornada de aprendizado sobre a profissão e o amor pela arte de escrever, narrar e filmar uma grande produção.
A ideia de um filme dentro de um filme já foi explorada em várias outras produções, mas o que realmente importa aqui é a jornada individual—tanto dos atores quanto dos profissionais envolvidos. Além disso, a trama do longa-metragem, que está sendo refeita em preto e branco, exige um trabalho impecável, ressaltando a estética singular das películas monocromáticas.
A narrativa acompanha o diretor Kim, um artista atormentado por sua própria obsessão criativa. Ele acredita que, ao refazer duas cenas de um filme já concluído, pode transformar sua obra em um clássico. Contudo, sua visão encontra resistência: a equipe não compreende suas intenções, o produtor se irrita com sua insistência, e a censura do Estado dos anos de 1970 impõe obstáculos adicionais. Mesmo assim, ele persiste, em meio a uma jornada marcada por desespero, angústia e esperança e até uma pitada de humor em meio a algumas atrapalhadas pontuais.
Kim também explora o fardo do fracasso artístico. Após um início promissor, seu trabalho foi considerado repetitivo e sem originalidade, levando-o à dúvida e ao isolamento, contudo uma chama criativa e uma alteração no roteiro faz com que cresça uma nova esperança. Essa crise existencial o obriga a confrontar questões fundamentais: o que é cinema? O que significa criar? O que constitui a verdadeira originalidade?
Ao acompanhar as lutas do protagonista, Cobweb convida o público a refletir sobre seus próprios desafios e ambições. O filme sugere que, assim como a vida continua, apesar das dificuldades, o cinema também seguirá em frente, ressignificando-se e encontrando novas formas de existir e com um final tão interessante quanto o começo surpreendentemente belo.
Assim, Kim Jee-woon (diretor original do filme) oferece uma mensagem de celebração ao poder do cinema e a inabalável necessidade humana de contar histórias, mesmo em tempos de crise.
Saiba mais
O aguardado longa Na Teia da Aranha, do renomado cineasta sul-coreano Kim Jee-woon (I Saw the Devil, The Age of Shadows) e dos mesmos produtores de Parasita, estreia nos cinemas brasileiros no dia 12 de junho, com distribuição da Pandora Filmes. Para marcar a estreia, o diretor estará no Brasil para uma coletiva de imprensa e também para a 14ª Mostra de Cinema Coreano no Brasil, em parceria com o Centro Cultural Coreano no Brasil. Mais detalhes e informações serão divulgadas em breve.
Estrelado por Song Kang-ho (Parasita, Memórias de um Assassino), Na Teia da Aranha é uma comédia dramática ambientada nos anos 1970, durante o regime militar na Coreia do Sul. Após uma estreia bem-sucedida, o diretor Kim sofre ataques mordazes dos críticos na Coreia dos anos 1970. Ao terminar mais um longa, ele tem sonhos vívidos com um final alternativo durante vários dias. Sentindo que essas cenas podem transformar seu filme em uma obra-prima, Kim luta por dois dias de filmagem adicional. O roteiro reescrito, no entanto, não passa pela censura, e os atores não conseguem entender o novo encerramento. No meio de tanta confusão, o cineasta nota que está prestes a enlouquecer, mas continua em frente.
Com humor satírico e uma estrutura narrativa engenhosa — alternando cenas em preto e branco (que é o filme sendo rodado) e em cores — Na Teia da Aranha presta homenagem ao cinema coreano clássico e à luta dos artistas em contextos de repressão.
Selecionado para a Seleção Oficial (fora de competição) do Festival de Cannes, o filme foi amplamente reconhecido pela crítica internacional por sua inventividade formal e suas performances. Também foi exibido na seção de competição do 70º Festival de Cinema de Sydney.
Sobre o diretor
Nascido em Seul em 1964, Kim Jee-woon é hoje um dos cineastas mais respeitados da Coreia do Sul. Sua trajetória é marcada pela habilidade de transitar entre diferentes gêneros com um estilo visual apurado e narrativas que combinam violência, humor e tensão psicológica. Começou sua carreira no teatro antes de estrear no cinema com a comédia sombria The Quiet Family (1998). Desde então, construiu uma filmografia diversa que inclui títulos como o terror gótico A Tale of Two Sisters (2003), o faroeste explosivo The Good, The Bad, The Weird (2008), o thriller de vingança I Saw the Devil (2010) e o drama histórico The Age of Shadows (2016), indicado pela Coreia ao Oscar de Melhor Filme Internacional.
Título: NA TEIA DA ARANHA (Cobweb)
Título original: GEO-MI-JIP
Gênero: Drama, Comédia Negra
Idioma: Coreano
País de produção: República da Coreia
Diretor: KIM Jee-woon
Roteiro: SHIN Yeon-shick
Elenco: SONG Kang-ho, LIM Soo-jung, OH Jung-se, JEON Yeo-been, Krystal JUNG, PARK Jung-soo, JANG Young-nam
Apresentado por: Barunson
Distribuído por: Barunson E&A
Produção: Anthology Studios
Coproduções: Barunson Studio, Luz y Sonidos
Produtores executivos: MOON Yang-kwon, AN Eun-mi
Produzido por: CHOI Jae-won
Coprodutor: CHOI Jeong-hwa
Produtores associados: LEE Dong-jin, PARK Ji-sung
Diretor de Fotografia: KIM Ji-yong
Direção de Arte: JEONG Yi-jin
Design de Figurino: CHOI Eui-young
Maquiagem: KIM Seo-young
Música: Mowg
Montagem: YANG Jin-mo
Vendas Mundiais: Barunson E&A
Vendas na França: Finecut Co., Ltd.
Proporção de Tela: 1.66:1
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