Entrevista exclusiva | Nick Farewell conta tudo sobre “My Way”, o próximo k-drama brasileiro

seminarocoreano

De de olho no mercado internacional, várias produtoras perceberam que o sucesso dos k-dramas em terra-brazilis está longe de terminar. E a cada dia aumenta mais o número de fãs dessas produções Sul Coreanas, somando ao crescente sucesso da popularidade do K-Pop, colocando em foco todo o vasto mundo do entretenimento desse país.

Por aqui, somos o 3º maior consumidor do gênero fazendo até com que a gigante Netflix obtenha em regime de urgência produções que já estavam no catálogo em outras plataformas, mas que atendendo a pedidos, foram incluídas no Tudum agora em Julho de 2022. E com intensão de disponibilizarem mais títulos no futuro.

Somado a tudo isso, produtoras brasileiras investem em nossos cenários BR para contarem novas histórias, como é comum em vários países na Europa (principalmente Espanha que é “quase ali” com a Coreia do Sul), e tantos outros países.

O pontapé inicial foi dado com a produção na HBO Max de Além do Guarda Roupa, com um elenco de ambos os países, clique aqui para saber mais sobre.

O próximo da fila é My Way, de Nick Farewell que gentilmente nos concedeu uma entrevista exclusiva, contando tudo, ou quase, sobre esse k-drama que promete. Muito obrigada e sucesso. Confira.

Momento kDrama: Me fale um pouco sobre você.

Nick Farewell: Sou escritor e roteirista. Dirijo e também atuo. Tenho 7 livros publicados e o primeiro romance GO foi escolhido pelo MEC e os leitores começaram a fazer a tatuagem do título. Inclusive a Folha fez uma reportagem sobre isso. GO também foi publicado na Coreia do Sul.

MKD: Como foi o processo da ideia, execução até à venda de My Way?

Nick: Acho que foi natural. Por eu ser imigrante também. Vim para o Brasil com 14 anos. Tive a ideia do seriado em 2016. Mas só fui falar com a Gullane (produtora) no ano passado. A aceitação foi imediata. Até brinquei que estava me sentindo em hollywood, porque fizeram a proposta de compra na hora. My Way é uma série divertida e que ao mesmo tempo retrata agrura de conflitos de gerações de coreanos e brasileiros. Particular ao mesmo tempo em que é universal. Os espectadores vão chorar e rir. Trata-se de drama humano muito flor da pele, pois carregam forte sentimentos de dor, sofrimento e superação.

MKD: Qual gênero você se sente mais confortável em escrever? Drama, comédia, romance? Outros.

Nick: Qualquer um. Sou treinado e fui treinado para escrever qualquer que seja o gênero. O que acabo seguindo é a força da ideia, história. Escolho o assunto e escrevo independente do gênero.

MKD: Por que decidiu escrever My Way? Qual foi a fonte de sua inspiração?

Nick: Eu queria mostrar a comunidade coreana por dentro. Hoje em dia a cultura coreana está em alta. Mas será que conhece de verdade a realidade, o dia a dia dos coreanos que moram aqui? Os seus conflitos, dificuldades e esse estranho sincretismo Brasil-Coreia? A inspiração obviamente veio da minha experiência e também dos coreanos que vivem e nasceram aqui. Os espectadores vão se divertir com as idiossincrasias que só podem existir dessa mistura peculiar e curiosa.

MKD: O que o Brasil e o Bom Retiro têm de importante e interessante para mostrar nessa história?

Nick: O anacronismo. Aparentemente o Brasil e a Coreia parecem não combinar em nada. Mas é o contrário. A Coreia tem muito a ver com o Brasil e vice-versa. O Bom Retiro acaba servindo de microcosmo da comunidade coreana, mas também representa esse conflito e paradoxo entre duas culturas. Vocês vão ver como a disciplina, rigidez da educação coreana entra em embate com a liberdade e criatividade brasileira. E o objetivo, claro, é que nós devemos integrar essas duas culturas. A potência surge desse sincretismo, respeito e juntar o melhor dos dois mundos. No fim, My Way é Our Way, como bem disse Caio, o dono da produtora. Temos que encontrar a nossa própria identidade. Que é universal. De quem compreende e ama, independente de onde nasceu. No fim, somos todos humanos. É disso que se trata o seriado no fundo.

MKD: Existe a intenção de venda para a Coreia do Sul?

Nick: Caso seja exibido por um streaming como Netflix, Amazon, Disney+ ou outros, creio que automaticamente será exibido não só na Coreia, no mundo todo. Eu acredito que as pessoas do mundo todo vão ficar encantadas como essa mistura de cultura aparentemente opostas se mesclando e produzindo uma histórica única, nunca vista.

MKD:  A história terá elenco de ambos os países?

Nick: Isso vai depender se vão concretizar a minha ideia para a segunda temporada. Não posso contar muito sobre isso. Mas espero que muita gente assista para que possamos levar isso adiante.

MKD: Qual é a sinopse e o argumento de My Way?

Nick: O protagonista é um brasileiro-coreano nascido aqui que tem pai coreano rígido. Ele está no terceiro ano colegial e precisa escolher o que prestar no vestibular e decidir sobre o seu futuro. O seu pai coreano quer que ele faça engenharia, mas o personagem principal quer fazer ates cênicas. Ele também tem interesse pela dança de K-pop, o que contrasta com a vontade do seu pai e para piorar (ou melhorar) se apaixona por uma brasileira. São como dois icebergs em colisão. As diferentes culturas e seus respectivos ideais de vida se chocando. É confusão na certa e muita emoção rolando. Espero que se divirtam e tirem a grande lição de que somos todos humanos e que a única saída é amar um ao outro, independente de onde nasça, o que gostem e o que sonham. O amor é a resposta.

MKD: Qual é o público-alvo?

Nick: A princípio pode ser que os adolescentes ou fãs de k-pop possam se interessar, mas é para todo mundo. Você vê que o público de K-drama não se limita a esse público. É uma história universal, conflito entre pais e filhos, sonhos e decepções e luta pela vida. My Way é para todos.

MKD:  Qual é o seu k-drama favorito?

Nick: Pergunta difícil. Porque como profissional acabo me tornando muito exigente. Mas acho que apesar de não ser tão original, gosto de Signal. Aliás, a música tema “Negil”, olha só, pode ser traduzido como meu caminho, My Way (risos). É uma obra-prima. Fala sobre a vida, destino e acima de tudo o que podemos e devemos mudar para sermos felizes.

MKD: Tem alguma data possível pré-definida?

Nick: Ainda não. A produtora está em processo de venda para players (canais e streamings). Mas acredito que teremos uma definição em breve.

MKD: O que mais gostaria dizer para os espectadores?

Nick: Queria dizer que no fim, independente de onde nascemos, o que gostamos e o que sonhamos, somos todos iguais. O objetivo da aventura humana é nos compreendermos e amarmos. Toda nossa dor, sofrimento e solidão é para que nós possamos melhorar e encontrarmos o verdadeiro caminho para a nossa completude. Eu torço para que o meu seriado ajude os espectadores não só se divertirem, mas que levam à reflexão para o sentido da nossa existência. Temos que aprender a encontrar e caminhar cada um a sua estrada, da sua maneira. Isso é My Way. Our way. É um jeito de tornarmos este mundo mais humano e quem sabe, melhor.

 

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